Nesta pandemia, talvez a primeira lição que incorporamos, um pouco forçados, é o quanto é vulnerável e a complexidade e interdependência da teia da vida humana.
Por isso, cuidar e valorizar a vida são uma missão plenamente humana e buscar dar inteireza, consistência e beleza eterna é cumprir com este precioso legado divino.
A missão se tornou mais abrangente e universal, tendo como lugares teológicos, a cidade, a Amazônia e a Casa Comum, as periferias tanto geográficas como existenciais e a própria humanidade como uma família cordial e reconciliada que deve ser constituída. Na cidade, edificar uma convivialidade cuidadora e solidária que dê segurança e proteção às famílias, especialmente às crianças, idosos e pobres. Uma cidade alegre, de praças verdes e com bairros, como diz o Papa Francisco, cheios de cordialidade e proximidade.
Na Amazônia e na Casa Comum, tomar consciência que moramos em biomas, que somos Terra e como jardineiros e paisagistas tecemos juntos a grande teia da vida.
Nas periferias geográficas, ou no sul do mundo (nos confins, nas margens) acolher, integrar, promover e defender a dignidade das pessoas oprimidas e ameaçadas: população em situação de rua, ribeirinhos, pescadores, povo das florestas, indígenas e migrantes. Já nas periferias existenciais, atender com carinho e ternura os que sofrem, tiveram perdas, estão deprimidos, e apresentam sinais de desespero, cansaço ou burnout.
Finalmente, e não menos importante, ser missionários da paz, da reconciliação e da fraternidade, unindo os povos e Nações da Terra para superar, não só a pandemia do coronavírus, mas derrubando os muros e divisões do ódio, do preconceito, da intolerância, e da arrogância imperialista. Deus, o Pai amoroso que nos envia a esta missão, seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ